Cá
estou a observar a sutileza deste teu olhar, que passou a me cativar e avivar as
brasas já quase apagadas da minha alma. Confesso-te que aqui venho, despido de
palavras cabíveis para me expressar, mas ainda assim buscando uma maneira de
relatar o que somente meus olhos conseguem captar quando diante dos teus, me
reflito.
Sendo
assim te suplico na humildade dos versos encharcados de metáforas e rimas pobres,
singelas armas de um amante da poesia sem um talento nato, mas esforçado com
orgulho. Toma destas para ti, com carinho espero eu, que sirvam ao menos para
te arrancar um acanhado sorriso.
Assim,
cá estou de papel em mãos, não para conduzir-te, mas para que me conduza da
forma que melhor lhe convier, pois entre o Mar
revolto e o Karma de vida, existe a Imaginação, a força que por fim define
minha Existência. Há em ti, entretanto,
o abstrato de Kafka e o Amor renovador de Manoel Bandeira, a Inocência
de menina encantada com este pobre maestro de palavras; existe também e não
somente a imponência de Leoa a
proteger tua prole com firmeza selvagem e para quem ousar te olhar nos olhos,
como fiz, saberá reconhecer teu lado doce, carinhoso, Amigo.
Despeço-me
aqui enfático na significância desses espaços que nos separam,
reaproximando-nos no oposto infinito das palavras e ao simples alcance das
mãos.